Microservices têm um preço. Esse preço é tempo, dinheiro, complexidade extra no desenvolvimento, latência entre serviços, manter consistência de dados, testes, monitoramento, segurança, logging distribuído, CI/CD mais complexo, organização e orquestração. O custo é alto e, na maioria dos casos, não compensa. Já passei muitas vezes pelo dilema de escolher a arquitetura certa para projetos de diferentes tamanhos e necessidades, e aprendi que microservices nem sempre são a melhor solução. Antes de entrar nessa, avalie se realmente precisa deles.
🆕 Seu produto é novo
No início do desenvolvimento, a única certeza é a mudança. Você ainda não sabe como os clientes vão usar o sistema — ou sequer se ele será usado. Mesmo contratos assinados não garantem adoção real. O foco deve ser construir um monólito enxuto (MVP), testar hipóteses rapidamente, entregar valor e adaptar-se conforme necessário. A complexidade de microservices só atrasa esse processo. A abordagem padrão para a maioria dos casos deveria ser monolítica.
👥 Sua empresa/equipe é pequena
Se até grandes empresas lidam com desafios na adoção de microservices, imagine startups e equipes pequenas. Sem um time grande e experiente para gerenciar a complexidade envolvida, você estará apenas adicionando problemas desnecessários. Microservices fazem sentido quando há múltiplas equipes trabalhando em partes independentes de um sistema de grande escala. Se esse não é seu caso, o monólito continua sendo a melhor escolha.
📈 Você não precisa de grande escala
Microservices fazem sentido quando há um altíssimo volume de dados e tráfego, necessidade real de escalar componentes de forma independente e horizontalmente, além de quando todas as otimizações possíveis em uma arquitetura monolítica já foram exploradas. Se seu sistema não enfrenta esse nível de demanda, adotar microservices será apenas um desperdício de tempo, esforço e recursos.
🛠️ Seu código está acoplado e desorganizado
Separar um código bagunçado em microservices não resolve nada. Pelo contrário, só espalha o problema em vários lugares, tornando tudo ainda mais difícil de manter. O que realmente melhora a organização do código são boas práticas como SOLID, separação em camadas e design modular. É perfeitamente possível ter um monólito bem estruturado, robusto, desacoplado e de fácil manutenção.
Conclusão
Depois de anos lidando com diferentes projetos, aprendi que microservices não são a resposta para tudo. Pelo contrário, na maioria dos casos, um monólito bem feito é a escolha mais simples, eficiente e sustentável. Já vi times gastarem tempo e dinheiro resolvendo problemas que só existiam porque decidiram adotar microservices cedo demais. Se seu sistema ainda não sofre com desafios reais de escala e independência entre equipes, minha recomendação é clara: vá de monólito, entregue valor rápido e evite dores de cabeça desnecessárias.
Para quem deseja se aprofundar no tema, recomendo a leitura do livro Criando Microsserviços: Projetando Sistemas com Componentes Menores e Mais Especializados, de Sam Newman. Essa obra me ajudou a refletir de forma crítica sobre microservices.
Top comments (0)