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Marcel Scognamiglio
Marcel Scognamiglio

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Vamos Ser Sinceros: Seu Código Já Está Sendo Escrito por IA – Sua Empresa Está Preparada Para Isso?

Vamos direto ao ponto: se você está programando numa terça-feira à noite, querendo sair o mais rápido possível da frente da tela para ir jogar seu futebol ou ir passar mais tempo com seus doguinhos, boa parte do seu código está sendo escrito pela IA.

E se isso vale para você, por que não seria o caso dos seus colegas? Dos sêniores da sua empresa? Dos júniores? Das outras empresas?

Isso já está acontecendo, quer você queira admitir ou não. Uma curiosidade: descobri essa semana que tem gente que tem vergonha de admitir que usa IA para gerar código. Como se isso fosse um atestado de incompetência, quando na verdade isso é só o novo normal.

Voltando ao assunto: cada vez mais código em produção está sendo gerado por IA usando ferramentas como Bolt, Windsurf, Copilot ou Cursor. Fato. E isso levanta algumas perguntas que poucas empresas estão realmente fazendo.

  • Seu time está pronto para garantir que esse código gerado é seguro?
  • A pipeline de push de código novo para a produção está preparada para lidar com essa nova realidade?
  • Esse código está sendo revisado como deveria neste novo cenário? Ou está só passando nos testes e indo para o ar?

No meio desse caos, uma coisa é certa: aquele(a) que souber controlar e proteger o código da IA dentro da empresa vai se tornar peça-chave na engenharia de software.

Neste texto, trago minhas experiências pessoais e de outros desenvolvedores que passaram (ou estão passando) por essa transição. Reuni as perguntas que você precisa fazer – e responder – para garantir que sua empresa não está entrando em uma armadilha.

E no final, um bônus: como você pode se tornar uma autoridade, não em IA, mas em garantir qualidade e segurança do código.

Você já percebeu como o código gerado por IA é um cobertor curto?

Se você já gerou código do ZERO com IA, sabe exatamente do que estou falando. No começo, é tudo lindo: você resolve problemas em minutos, adiciona funcionalidades rapidamente, sente que está acelerando o desenvolvimento.

Mas aí começam os problemas.

Toda alteração que você pede para a IA altera mais do que deveria.

  1. Você ajusta um bug e outro aparece.
  2. Você melhora uma funcionalidade e descobre que outra parou de funcionar.
  3. Você tenta refatorar e o código gerado sai irreconhecível.

Isso acontece porque a IA não tem um entendimento real do projeto. "Ah mas o Cursor deixa a AI ler meu codebase", sim mas contexto e entendimento são coisas distintas. AI gera código baseado em padrões, mas sem considerar o impacto real das mudanças, sem "enxergar" o impacto na UI, ou em outros pontos da arquitetura.

O resultado? Um cobertor curto. Se cobre um lado, outro fica exposto. Se melhora a performance, perde a legibilidade. Se adiciona uma funcionalidade, aumenta a dívida técnica.

Para isto as dicas são:

  • Use AI para obter contexto através de perguntas antes de começar a desenvolver num codebase novo;
  • Use AI para fazer mudanças em contextos controlados e tarefas repetitivas;
  • Para tarefas mais complexas, use AI em seu IDE em conjunto com os bons e velhos commits bem documentados como checkpoints; Assim caso a AI comece a delirar e mudar mais do que deve, você sempre terá como retroceder.

Se a IA está criando código, quem é o dono?

Quando um desenvolvedor escreve código, ele tem domínio sobre a implementação. **Ele sabe o que fez **e por que fez.

  • Mas quando a IA gera código, quem é o responsável?

Se ninguém do time criou aquele código, ninguém tem controle total sobre ele. Isso significa que:

  • Ninguém sabe exatamente como ele funciona.
  • Ninguém pode garantir que não tem uma vulnerabilidade oculta.
  • Ninguém consegue dar manutenção sem precisar desmontar tudo.

E tem um agravante: o código gerado pela IA nem sempre é feito para humanos lerem. Muitas vezes, ele é altamente performático, mas completamente ilegível.

Já passei por isso com JavaScript (Node e React), PHP e Rust. E posso garantir: às vezes é mais rápido escrever o código do zero do que tentar entender o que a IA fez.

Sua revisão de código é rigorosa o bastante para lidar com a quantidade de código feito por AI que está indo pra lá?

Agora que Pull Requests inteiros podem ser gerados por IA, os processos de revisão precisam evoluir urgentemente.

Testes passando não são garantia de que o código está seguro.

  1. Se a IA alterou mais do que deveria, isso precisa ser visto antes do merge.
  2. Se o código não tem cobertura de testes suficiente, ele não deveria entrar na produção.

Sua empresa já ajustou os processos de revisão para isso?

Se a resposta for “não”, eu vejo uma oportunidade pra você ser quem irá levantar a mão.

A IA deve ser tratada como um sênior?

Se você trata IA como um desenvolvedor sênior, vai ter problemas.

Ela pode gerar código rápido, mas não entende contexto do negócio, não pensa em arquitetura e não sabe tomar decisões de longo prazo.

O jeito certo de usar IA é como um júnior promissor.

  1. Boa para acelerar tarefas repetitivas.
  2. Ótima para refatoração assistida.
  3. Útil para geração de testes.
  4. Mas péssima para decisões críticas sem supervisão.

Quem souber lidar com isso da maneira certa vai se tornar referência dentro da empresa.

Seu papel como programador está mudando?

Não é sobre a IA substituir programadores, mas como ela está redefinindo o que significa ser um bom programador.

O desenvolvedor que se destacar não será aquele que usa IA para escrever código. Isso vai se tornar o mínimo esperado.

  • O diferencial será:

  • Saber proteger o código e garantir que a IA não está criando um Frankenstein de funções quebradas.

  • Ser referência na revisão de código, garantindo segurança e boas práticas.

  • Conseguir explicar funcionalidades de forma clara para o time e stakeholders, sem se prender a tecnicismos desnecessários.

As empresas vão continuar precisando de** desenvolvedores que fazem as coisas funcionar**; porém agora como fazer a IA trabalhar a favor do produto, e não contra.

Você está preparado para essa nova realidade?

Código gerado por IA não é mais uma tendência – é uma realidade. Se você ainda não está lidando com isso, seu código já está sendo impactado e você nem percebeu.

Como sua empresa está lidando com esse aumento no código gerado por IA?

Seu processo de revisão já mudou para acompanhar essa nova realidade?
Você se vê como alguém que pode se tornar referência em proteger o código da IA dentro da empresa?

Vamos discutir. E se esse texto fez sentido para você, compartilhe com alguém que ainda acha que IA não está mudando o jogo. Porque já mudou.

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