DEV Community

Márcio Scotuzzi Júnior
Márcio Scotuzzi Júnior

Posted on

Long time no see

O caminho até aqui

Em abril de 2024 eu saí da área de tecnologia.

Depois de dois anos trabalhando na mesma empresa, eu estava frustrado por não receber um salário que fosse compatível com o mercado e, além disso, sentia que eu havia estagnado e não estava mais evoluindo. Muitos currículos foram enviados, mas poucas entrevistas marcadas. Como você pode imaginar: nenhuma oferta para contratação foi feita. Quando o horário de começar a trabalhar se aproximava eu me sentia ansioso. Quando uma mensagem chegava no meu celular eu tinha medo de olhar. Foram dias complicados.

Conversando com um amigo que, na época, ocupava o cargo de coordenador de marketing em uma empresa da minha cidade, soube de uma vaga para designer gráfico. "Olha, não é na sua área, mas você sabe mexer com Photoshop, Illustrator e aprende as coisas rápido. Com certeza vai se sair bem."

O coração balançava, mas decidi arriscar. E no final das contas acabei conseguindo o emprego - uma boa indicação vale mais que um excelente currículo ;)

O dia a dia era relativamente tranquilo. A empresa era uma rede de lojas de móveis e estofados, com quatro unidades espalhadas em três cidades. O meu trabalho era produzir todas as peças para as campanhas de marketing (on e off). Aprendi muito sobre design, edição de vídeo (que rapidamente se mostrou uma habilidade urgente para se ter) e sobre sofás. Eu era capaz de reconhecer as molas de um sofá com uma única sentada (lá ele...).

Em agosto, o meu amigo saiu da empresa para montar a sua assessoria de marketing. Vinte dias depois ele me ligou dizendo "Agora eu consigo pagar o seu salário, vem trabalhar comigo". Abri um MEI e fui.

A pegada na assessoria era bem diferente. Em primeiro lugar, estávamos trabalhando com mais de um cliente. Em segundo lugar, conceitos como horário ou dias de trabalho deixaram de existir. Às vezes, 15h30 de uma terça eu parava de trabalhar por ter zerado os meus cards. Em outros dias, 23h eu estava enviando email para aprovação de conteúdo (fora os finais de semana sentado na frente do computador trabalhando). E nós sabemos muito bem o caminho que isso leva: trabalho e vida pessoal já não se distinguem.

Tudo isso, porém, não era o pior. No meu computador, o ícone do Photoshop fica ao lado do ícone do VS Code. Todo dia quando eu começava a trabalhar, o peito apertava por saber que eu não estava trabalhando com aquilo que eu gostaria.

Então eu decidi que era hora de voltar.

Lidando com inseguranças

Se quando eu estava trabalhando como programador eu já me sentia inseguro, estando sete meses fora da área de tecnologia essa insegurança só aumentou. Na minha cabeça, esses sete meses de afastamento têm um peso maior do que os dois anos de experiência. Esse foi o primeiro ponto que me deixou com medo.

O segundo ponto foi eu sentir que não tinha projetos interessantes para mostrar. Por sorte, essa questão é mais fácil de resolver. Nos últimos dias eu voltei a estudar as tecnologias que eu trabalhava e a criar projetos - tanto para poder mostrar para recrutadores, bem como para "desenferrujar". Os meus dias têm sido assim: acordo, trabalho com o máximo de foco possível para finalizar tudo o que eu preciso e aí começo a estudar/desenvolver os projetos de programação.

O meu foco sempre foi backend, mas não tenho permitido me restringir nesse momento. Por hora eu venho explorando todas as tecnologias que eu utilizava: Python (com Django e FastAPI), React com Typescript e PostgreSQL.

Além disso, tenho estudado arquiteturas que podem me destacar de alguma forma, como microsserviços e event driven architecture. O que tem me permitido entender mais sobre serviços de mensageria.

Cenário atual e próximos passos

Estou em um processo seletivo e possivelmente devo participar de uma etapa final envolvendo live coding nos próximos dias. Embora o nervosismo seja grande, estou buscando focar minha atenção para me preparar. Caso eu não seja aprovado, tenho certeza que isso me deixará menos inseguro para as próximas seleções.

O caminho não é linear. O importante é seguir caminhando.

Top comments (0)