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Talita Monteiro
Talita Monteiro

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Sobre a necessidade do diploma de graduação para ser desenvolvedor(a) de software

Tenho refletido sobre esse assunto há alguns dias e discutido com amigos próximos da área de TI sobre o quão importante é a graduação na vida de um(a) desenvolvedor(a) de software.

É claro que nos dias atuais, com tanto acesso à informação e tanta pressa em aprender, esta cada vez mais difícil encontrar pessoas dispostas e dedicar 4 ou 5 anos de suas vidas para passar horas e horas trancados em uma sala de aula aprendendo prática e teoria nos moldes tradicionais, ainda mais com tantos cursos EAD e técnico espalhados por aí.

Apesar de não concordar 100% com o modelo de ensino adotado pelas universidades (mas isso é assunto para outro artigo), depois de muito refletir percebo que ainda sou uma defensora do diploma de graduação e explicarei o porque a seguir.

Ainda que hoje em dia muitos sites sejam perfeitamente capazes de ensinar técnicas e teorias de programação, arquitetura, boas práticas e etc.. apenas as experiências vividas na graduação são capazes de nos preparar para os verdadeiros pontos de impacto de trabalho no dia a dia, que basicamente se resumem a: resolução de conflitos e trabalho em equipe.

Você até aprende Orientação a Objetos em um curso na internet, mas lidar com uma turma de 20 (ou mais pessoas) que vão questionar desde a regra de negócio adotada até a escolha de cores que você escolheu pro SEU projeto, somente a apresentação de um seminário em um curso de graduação PRESENCIAL proporciona. Aprender a modelar classes, relacionar objetos, injeção de dependência? Moleza! Mas, aprender a lidar com aquele colega que só enrola e atrasa o projeto inteiro que tem prazo e vale nota, somente com muito trabalho em equipe ... e muita paciência.

Além disso, um curso de graduação tem toda uma grade de ensino e uma ementa estudada que foi montada para ensinar o aluno a compreender e participar de TODO o processo no desenvolvimento de software, desde a análise de requisitos com o cliente, ao planejamento, modelagem e gestão do projetos, onde codificar é apenas um passo no meio de tantos outros.

O que vejo hoje, é muita gente capaz de escrever códigos mas com muita dificuldade em entender e participar do processo de desenvolvimento do mesmo. E pior, muitas vezes essas pessoas não se colocam (ou nem querem se colocar) como parte do processo. Ou seja, se uma tarefa não esta bem analisada/bem escrita o que ouço é "não é problema meu, eu apenas codifico".

Entretanto, escrever código é a parte menos complexa no desenvolvimento como um todo, pois estamos falando de sintaxe. Se, um software não for bem analisado e modelado, dificilmente ele será bem escrito e muito provavelmente será mal aproveitado. E quando isso acontece, no meu ponto de vista, a culpa é de TODO MUNDO que esteve envolvido no processo.

O tempo que o desenvolvedor(a) de software era visto como a pessoa que se fechava em um computador e escrevia linhas de código acabou. Hoje, as grandes empresas buscam pessoas que sejam capazes de se envolver e participar de processos, que tenham pensamento analítico e sejam capazes de resolver conflitos, que saibam trabalhar em equipe, que consigam conviver em pares, que sejam dinâmicos ... e percebam que até agora eu citei apenas soft skills (convivência!), isso por que as hardskills são muito mais fáceis de moldar e até mesmo de se criar.

Por muito tempo, durante a minha graduação eu reclamei sobre as exaustivas aulas e me questionei se era realmente necessário passar por tudo isso, mas hoje eu sou grata por não ter desistido. Sinto que aproveitei o suficiente e fui capaz de abstrair tudo o que a graduação me proporcionou e isso tem me ajudado muito no meu dia a dia como desenvolvedora. É claro que muita gente vai se formar e vai passar por experiências diferentes e talvez não tenha a mesma visão que eu tive. Tenho colegas que se formaram comigo, com os mesmos professores e que não tiveram as mesmas oportunidades que eu tive, mas isso tem muito mais haver com o momento da vida e com o quanto você se dedica (e o quanto pode se dedicar) no momento em que está.

Para encerrar, acho que na pré-seleção de uma vaga o fato de possuir um diploma não deve ser motivo para descartar um candidato, mas, se algum dia eu for recrutar alguém, com certeza será um critério de desempate.

E você, o que acha sobre isso?

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