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Beatriz C. Silva
Beatriz C. Silva

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Posso mesmo perguntar?

Como desenvolvedora júnior, acredito que perguntar esteja entre os maiores medos para quem está no início de carreira, mas não a pergunta em si e sim o que vem acompanhado dela. Neste artigo, vou contar um pouco da minha experiência e como aos poucos eu fui vencendo esse medo, além do que faço atualmente quando preciso de ajuda ou tenho dúvida em algo.
Mas antes, precisamos entender o que significa a palavra “medo”.

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Seguindo o primeiro tópico seria “estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência”, e aposto que muitos vão dizer: “Medo de que, acha que tem algum perigo ali?” Talvez.
E seguindo o resultado do google o segundo tópico do significado seria “temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio”, acho que esse se adequaria melhor ao que irei trazer aqui no artigo.

No começo, em uma das minhas experiencias, o líder do time em que eu estava trabalhando não gostava do jeito que eu falava, incomodava ele, apesar da minha aparência, eu tenho uma fala bem calma e quando tenho duvida, eu expresso pelo meu rosto e pela minha voz. Para somar a tudo isso, ainda sou introvertida e ansiosa, o combo perfeito. Portanto falar em publico para mim era difícil.
Então, quando tinha minhas dúvidas, as expressava, perguntava ou até mesmo pedia ajuda para resolver algo. Mas, em algum momento, em uma reunião com todo o time, esse líder achou correto perguntar se eu tinha medo dele. O motivo? “Você fala como se estivesse com medo e isso me irrita…”

Acredito que esse foi o meu primeiro bloqueio ou motivo fundamentado para realmente ter receio de perguntar algo. Afinal o jeito que eu falo pode ser um problema para a pessoa que esta ouvindo.
A partir daquele momento eu não perguntei mais nada e sempre que precisava falar algo, eu tentava estabilizar o máximo minha voz e engrossar ela. Tentava qualquer coisa para que a minha dúvida não parecesse medo.

Uma segunda experiência que foi mais um motivo fundamentado, foi quando entrei em uma nova equipe onde o slogan se repete: “não tenha medo de perguntar ou de pedir ajuda”. Porém, após o primeiro pedido uma série de situações vieram a acontecer desde me excluírem de projetos até perguntarem se “a área de programação é mesmo algo que eu gostaria de seguir, afinal essa área não é para todo mundo e talvez nutrição seja mesmo para você”, ou até mesmo “Nossa… você é mesmo iniciante, né?”. Sim, eu sou júnior e fui contratada para esse nível e mesmo sem experiência, sentia que ele provavelmente esperava que eu tivesse o conhecimento de uma pessoa pleno ou mais experiente.

O que eu quero dizer com toda essa história é que, normalmente, o medo de perguntar não é aleatório. Tem situações, motivos e pessoas que podem ter gerado esse medo, ansiedade ou angústia. Construir um local seguro para que o seu desenvolvedor se sinta confiante para perguntar sem ser julgado é de extrema importância. Se ele já entrou com esse bloqueio, leva um tempo para ser desbloqueado.

Principalmente em um momento onde muitos estão em um trabalho remoto ou híbrido, criar essa interação/conexão é importante. O meu time atual foi importante para que esse medo e bloqueio de fazer perguntas diminuísse, pois foi me proporcionado um ambiente seguro de verdade, onde tínhamos 1:1 frequentes com cada pessoa do time para conversas além do trabalho, Pairs e Mobs para quando sentíssemos que alguma tarefa estava bloqueada, ou se tínhamos alguma duvida que não pudesse resolver async.

E atualmente os Coding Dojo, onde o time de desenvolvedores se juntam em uma hora de reunião para resolver um problema em código não ligado ao trabalho, onde uma pessoa fica codando e outra de copiloto auxiliando a pessoa e revezamos até que todos tenham passado pelos lugares. Acredito que são exercícios que estimulam a interação, fazem com que as pessoas se conheçam e entendam onde cada um tem dificuldade e a ajuda vem em conjunto!

Mas para finalizar gostaria de compartilhar algo que aprendi e que não esqueço, pois foi uma dica que me ajudou a enxergar que esse medo não é unicamente meu, outras pessoas compartilham do mesmo sentimento, mas se não lutarmos contra ele não conseguiremos evoluir e consequentemente não seremos as pessoas sonhamos em ser no futuro.

Pergunte com medo e pergunte em publico, pois a sua dúvida pode ser a do outro e nenhuma pergunta é boba. Estamos todos aprendendo, independente de nível de conhecimento sempre haverá algo novo para aprender. Nos cobramos muito para não errar, mas todo mundo erra e é assim que aprendemos.

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